Eu sou um adivinho!

Vou adivinhar a primeira casa onde você morou, e quanto tempo você ficou lá.


Era uma casa aconchegante e totalmente tecnológica.

Você nem precisava fazer comida.

A comida vinha através de um tubo que te alimentava com todos os nutrientes de que você precisava.

E na medida certa.

A casa era silenciosa ao ponto de escutar as batidas do coração de quem estava mais próximo de você.

Dava impressão de que essa casa era no mar. Minha primeira casa era assim também.

Às vezes me sentia como se tivesse num barco navegando no oceano.

Meu Pai parecia estar sempre por perto, não sei o seu.

Mas minha Mãe estava em casa comigo todo o tempo.

Você também deve se lembrar que interagia muito com as pessoas que viviam do lado de fora da casa.

Essas pessoas ficavam muito felizes em encontrar com você, mesmo quando você se recusava a aparecer.

Era uma casa tão boa, tão segura e confortável que você sequer pensava em sair.

Não sei você, mas a sensação que eu tinha na minha primeira casa era a de um cuidado tremendo, um cuidado do qual eu acho que só vivi uma vez.

Eu era pequeno e não me lembrava de muita coisa.

Acho que não era cuidado... era um tipo de amor.

Nessa casa, assim como eu, você viveu em torno de uns nove meses. Não é verdade?

Essa casa tinha um nome que eu acho que ninguém nunca vai esquecer.

A casa de onde a gente nasceu. A casa onde a gente cresceu

Foi antes da infância, enquanto esperávamos para conhecer um grande quintal.

Esse quintal imenso que hoje a gente chama de mundo.

Muitos apenas tem a lembrança dessa casa, outros a visitam de vez em quando.

E ainda há aqueles que tem o privilégio de permanecerem felizes por tê-la consigo.

O nome da casa era Mãe! E o nome da rua é muito comum.

A minha e a de muita gente ficava na Rua da Gratidão (sem número).


Viu só! Eu falei que eu era adivinho! Talvez eu tenha errado em alguns detalhes.

Agora, o nome e o endereço eu tenho certeza que acertei em cheio.


por Rica Saturno 🙏





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