Uma das coisas mais difíceis que tenho lidado depois que percebi que conseguia "captar" as energias de pessoas, foi ter que conviver com elas sabendo de suas reais opiniões e vê-las falar, escrever ou expressar o contrário do que realmente estão pensando sobre você. Principalmente, quando essas pessoas sentem-se de alguma forma incomodadas com a sua presença. Como se não bastasse, ter que ficar calado para preservar o velho padrão da "boa comunicação". Depois que se marketeou a empatia então, está bem complicado.

O ser humano se habituou a competir com o outro, a se comparar com os outros e assim tomar alguma ação para "não ficar por baixo" ou para "não perder sua posição". Isso é tão estranho porque acredito que cada um tem seu potencial e expressão únicos nessa Terra, não há motivo algum para tomarmos como verdade qualquer tipo competição. Há um grande medo de perder. Perder a posição social, perder o cargo do trabalho, perder a promoção, perder a oferta, perder o parceiro, a pessoa amada, perder seu lugar num grupo específico, o status ou a reputação seja ela em qual segmento for.

Desde criança tenho um senso desta diversidade entre todos. Nunca me senti atraído por qualquer esporte de competição. Nada contra o aspecto recreativo dessas modalidades. Aliás, há inclusive o aspecto terapêutico altamente saudável em todas. O problema é quando, por exemplo, você vai para o jogo de futebol para mostrar para o colega que joga melhor, que faz mais gol ou que sabe defender todos os pênaltis. Agora, olha que coisa interessante.

Quando tomamos atitudes para não perder as competições e concorrências na vida pessoal, no trabalho, nos núcleos sociais, grupos ou qualquer outra situação de interação e convivência, estamos dando nossa energia em potencial para nos melhorar para a outra pessoa da qual acreditamos estar sendo ameaçados ou da qual consideramos concorrentes. Ou seja, ao competir com o outro já começamos a competição perdendo. Perdendo a energia que usaríamos para dedicar ao nosso favor. Mais ainda, essa energia poderia ser usada a favor de todos e assim se multiplicar ao invés de ser reduzida em função do complexo de inferioridade que geramos nessa competição com o outro.

Na pandemia então, isso se agravou mais ainda, porque todos estão querendo se mostrar fortes para não cair de vez no grande choro que suas almas desejam, no grande pedido de socorro que seus corações almejam, e no grande relaxamento que somente a demonstração de sua vulnerabilidade seria capaz de proporcionar. Cuide-se virou um bordão de autoproteção, "Eu me cuido, e você não. Porque eu não quero que você saiba que eu posso ser vulnerável." Refletindo, por que alguém pergunta para o outro se ele está se cuidando ou pede que se cuide? Isso é demonstração de amor ou uma demonstração de que sou superior e você pode estar não se cuidando? Cuidar do outro não seria reconhecer que o outro se cuida ao invés de questionar o seu autocuidado?

As pessoas sustentam muros dentro de si em torno de uma vulnerabilidade oculta. E por causa disso, procuram incessantemente prestar atenção à procura de dores alheias para poder deixar distantes qualquer um que possa descobrir o que está por trás dos muros. Afinal, nossa imagem construída durante anos não pode ser queimada assim por uma simples fragilidade. A reputação ainda parece ser um dos nossos bens mais preciosos. Não por que gostamos disso, mas porque se assim não o fizermos os outros nos colocaram para fora do jogo, e ninguém quer se sentir como marginal.

O que me faz compreender tudo isso é que percebo que a razão do comportamento de competir está relacionada as nossas dores. Às vezes sofremos tanto no passado que hoje faremos de tudo para não ter que passar por alguma coisa parecida de novo. Mesmo que as atitudes sejam competitivas e até mesmo agressivas.

O fato é que, de repente quando você se vê diante desse mundo de atores, que é involuntariamente adotado pela maioria, você sente-se só. Sozinho não de estar só. É uma solidão de inocência, solidão de verdades de relacionamento. Solidão de conexões naturais. Por exemplo, há pessoas muito próximas a mim que acreditam que eu sou um louco rs. O que em certo modo de ver ortodoxo não deixa de ser verdade. Vejo outras pessoas torcendo para que você se lasque, e até mesmo fique doente, só para que elas se sintam mais fortes do que você, tenham supridas suas necessidades do ego de serem mensageiros da boa ação, ou para poder comprovar a realidade negativa da vida. Ou mesmo para esconder ilusoriamente suas fraquezas.

Isso é bem difícil de aceitar, mas tem sido uma realidade. Depois que tive consciência de que empatas existem de verdade, percebi outras pessoas em igual situação e vejo que o padrão é o mesmo. Sentem-se incompreendidas porque vivem uma realidade onde não podem escancarar o que assistem do outro lado das falas supostamente amorosas e empáticas daqueles que querem alguém como bode expiatório para poder se sentirem mais tranquilas diante da iminência de suas vulnerabilidades.

Há ainda aqueles que tem medo de perder seu lugar diante na hierarquia dos méritos. Os que se acham mais sábios, mais velhos, com mais experiências de vida que acreditam estar acima dos mais jovens, e até mesmo dos mais velhos, apenas porque esses não leram ou estudaram o bastante. É tanto medo de perder a posição moral ou social que fazem de tudo para manter a todo custo a integridade do ego. Fico pensando também, se o cérebro réptil já evoluiu de tal forma que consegue agora criar sofisticadíssimas formas de pensar que fazem com que o medo se transforme em razão. Realmente, fico pensando como um amigo me diz, quando fala que hoje aqueles que são mais sensíveis estão fazendo terapia, sendo que quem deveria estar na terapia são os que vivem corroborando com um mundo de concorrência e competição entre si.  

Temos tantas sombras guardadas e preservadas das quais ficam a cada dia mais fortes... Por que será que as alimentamos em cativeiro se podemos nunca tê-las prendido? Me questiono dessa forma porque assim como vejo as coisas ruins atrás de disfarces, vejo também o que poderia ser o contrário se não fossem a competição, a concorrência e o ego agindo por proteção. Eu achava que era uma ilusão pensar que a felicidade, a luz, as soluções, os relacionamentos ideais, a abundância e tudo que essa existência tem de bom, pudesse estar a um pensamento de nosso alcance. Agora, sei que isso nunca foi ilusão. O grande problema é que fomos condicionados de tal forma que nossos sentidos nos levam a pensar sempre no pior como realidade e, principalmente, como um verdadeiro escudo contra todo esse bem-estar que está diante de nossos olhos. Aprendemos a pensar muito fortemente em ganhos e perdas, e que isso é promovido por uma competição.

Ver atrás do véu não é confortável mesmo. Talvez seja por isso que muitos optam viver um mundo materialista. É tão mais fácil! Já acreditei que meu erro era ser espontâneo demais, verdadeiro demais, ser sincero demais. Não falo de dizer algum tipo de verdade ou julgamento sobre alguma coisa. É sobre ser verdadeiro sem fingir o que se sente, ou forjar situações, opiniões e comportamentos. Como podemos não competir se as pessoas vivem armadas e protegidas contra suas próprias vulnerabilidades? Acredito que a resposta para essa pergunta virá com o tempo. E esse tempo fica mais curto quando escolhemos viver nosso mais alto grau de sinceridade com os outros e nós mesmos.

Se você é empata, é uma pessoa que sente o que está sendo dito e não apenas o que está sendo dito, acredite na sua intuição. O "errado" não somos nós, e nem os outros. O "errado" é a grande distorção do que é o ser humano, implantada na mente da maioria que sobrevive ao invés de viver. Ancore-se nas vibrações mais elevadas. Lembre-se da Escala de Hawkins. Acredite 2. A perspectiva das pessoas de alta sensibilidade é bastante diferente de outras, e por isso não é de se esperar a reciprocidade da qual almejamos no coletivo. E acredite 3. Você tem um grupo de pessoas que te apoia, grupos de seres que te amparam, mesmo que você talvez não possa vê-los. Apenas parece coisa sobrenatural, mas quando você engajar numa busca verá que tudo é mais lógico do que a ciência AINDA pode comprovar. Namastê.

Com amor,
Rica Saturno. 💗


2 Comentários

  1. puxa rica, tão bom quando a gente encontra outro empata desperto para essas questões de consciência, perspectivas e atento aos jogo de ego. e principalmente com viés humilde, de olhar pra si.
    as vezes, nessa caminhada, me permito externalizar alguns sentimentos de desânimo e solidão perante o movimento sórdido e pequeno dos egos feridos que teimam em se defender. aí paro, respiro, acolho minha própria dor egoísta (afinal, todos nós estamos lutando contra isso, de alguma maneira ou outra) e tento voltar mais forte, mais atenta à mim mesma.
    como trabalho auxiliando ao despertar pra autoconsciência, as vezes me deparo com gratas surpresas em lindos avanços que me acalentam e ajudam à renovar minha esperança e compromisso com a Luz.
    acaba sendo assim né? e esses seus desabafos tem funcionado pra mim como isso, sabe? um respiro aliviado de saber que há sim pessoas semelhantes! gratidão ♡

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    1. Gratidão eu Daniela! A gente sabe o quanto o caminho fica estreito diante de tantos afim de impedir. Eles nem tem consciência disso na maioria das vezes. Parece que temos que viver pisando em ovos e ainda lidar com nosso próprio ego sabotador... ufas. To me observando cada vez mais e vejo que o ego me sabota para esconder minhas sombras, e ao mesmo tempo diminuir a percepção da Luz. Mas aí volto pro meu eu e percebo que o mínimo que vejo dela é tão grandioso que me faz seguir em frente apesar de tudo. Feliz em saber sobre essas gratas surpresas! Isso tb me faz respirar melhor. Me conta mais quando puder. Esses avanços equilibram a balança na nossa jornada. Graças! Tamos juntos!

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