Há alguns dias estava eu voltando para casa de ônibus e no meio do trajeto me vi observando cada pessoa de um jeito diferente. Pensei comigo: "Quão único é cada um de nós!" Não há mesmo ninguém igual ao outro, e isso me confirma a cada dia que somos cada um uma parte de Deus, uma parte do Todo. Um homem de cabelo baixo, deveria ter uns 55 anos, cara de cansado e carregando uma mochila, estava sentado à minha frente.

Pensei: "Tenho certeza que essa pessoa tem algo único para nos ensinar. Tenho certeza que ela tem alguém que ela faz bem. Tenho certeza que ajuda o planeta pelo simples fato de sorrir quando fica feliz. Pode ser uma coisa boba até. Ou alguma coisa sofisticada também. O que mais importa não é o que fazemos ou temos, mas quem somos. E todos temos importância única para todos. Pode dizer à vontade que somos substituíveis. Não concordo. Somos únicos. Aconteça o que acontecer, nossa história, a história de cada um é um registro no álbum de família do planeta Terra."

Eu também poderia estar, de frente para alguém, numa confraternização para clientes premium de uma agência bancária recém inaugurada de um bairro de elite, tomando prosecco e falando das últimas estratégias de investimento na bolsa. Hoje, pensaria a mesma coisa sobre cada um: "Tenho certeza que essa pessoa tem algo único para nos ensinar. Tenho certeza que ela tem alguém que ela faz bem. Tenho certeza que ajuda o planeta pelo simples fato de sorrir quando fica feliz. Pode ser uma coisa boba até. Ou alguma coisa sofisticada também..."

E então me veio a mente como nós fazemos o contrário na maioria das vezes. A comparação entre pessoas, cenários, estilos de vida e principalmente condições financeiras nos faz priorizar involução e não a evolução. Raramente pensamos que qualquer um pode chegar aonde qualquer outro chegou. Colocamos sempre filtros de limitação, seja por condições estereotipadas, julgamentos, ou mesmo capacidades das quais imaginamos que temos ou não temos. Isso nos faz distanciar do sentimento de gratidão, do sentimento de se estar vivo aqui e agora, vivendo esta experiência no Planeta. Há um genuíno sentimento de realização desde quando nascemos. Quando uma criança nasce, não é literalmente uma realização? O plano de se criar uma vida, não foi fisicamente materializado?

Por que será que depois de anos, nos sentimos frustrados ou com este cansaço da vida estampado no rosto de muitos de nossos irmãos? Osho diz: "Quando você começa a se sentir realizado apenas por estar presente, é normal que pensem que você está ficando louco." E estou me sentindo assim: realizado por estar presente. Não mais conectado ao Universo, mas parte do Universo. A gratidão não é mais algo que apenas sinto, mas algo nas minhas células intrínseco. Talvez no começo de determinado retorno, digamos assim. No começo de perceber a grande ficha que caí. A ficha DDD (só vai entender isso quem é dos anos 80, sorry rs...).

DDD, Discagem Direta de Deus. Nos últimos anos tenho vivenciado o significado dessa loucura toda. O desapego do qual iniciei foi sinônimo de loucura, de desgarantia de vida, de desperdício do patrimônio, ou de falta de sentido na vida. Vejo ainda hoje as pessoas me considerando do mesmo jeito, e continuando com seus mesmos problemas e reclamações da vida, onde acham a coisa mais normal do mundo; sobre um mundo injusto, cruel e competitivo. A felicidade para mim é ser quem sou, é viver sem um pingo de mágoa guardada ou sombra escondida. Todo o resto, "dinheiro, casa, carro, apartamento e relacionamento", como diz Hélio Couto, são possibilidades a mais dentro da realização da qual já aconteceu.

Existe uma verdade na história da criação do ser humano, da qual seu conhecimento faria a gente entender a vida como uma dádiva. Agradeceríamos 25 horas por dia, durante a vida toda. Mas, percebo que os que sabem dessa verdade não a falam diretamente. Todos os livros sagrados falam sobre essa verdade somente nas entrelinhas. E não vai adiantar procurar, não irão te contar diretamente. Cada um precisa descobrir sozinho. Parece um requisito para se autotransformar, um critério para alcançar a tal paz interior.

Quando você consegue pensar na beleza de cada um e o que cada pessoa significa para nossa existência, antes de ver apenas o ego, um novo mundo se apresenta. A gente percebe que tudo está no lugar certo. Mesmo diante da aparente injustiça, aparente enfermidade, do aparente estado de calamidade. Nada é injusto aos olhos do Criador. Todo ser humano é humano. Não existe o termo "desumano" no dicionário de Deus. Nossas tristezas são ilusões. O ego é o estado bruto da Luz. Se temos um coração, somos humanos, somos seres do bem. O coração é a única certeza de que qualquer ser que o tenha em seu corpo é um ser de Luz. Tudo que parece o contrário disso, o mal, as trevas, as coisas e atitudes que consideramos maléficas e até mesmo perversas são ilusões. Pode ser difícil de entender ou crer, mas até o mal age em busca do seu bem-estar! Ou alguma criatura, da qual consideramos malévola age com intenção de se fazer mal? Compreende a lógica?

O que acontece é o que podemos chamar de "imauturidade". Em certo grau dentro da escala de dualidade temos essa imauturidade em nossos seres. Você vê a história de Lúcifer, por exemplo. Deus não o criou à toa, para nos causar a discórdia. Deus, em sua onipresença, conhece o passado, o presente e o futuro de tudo e de todos. Principalmente das criaturas que ele permitiu o livre arbítrio. Então não se preocupe tanto assim com tudo de ruim que você está vendo, que está presenciando, que lê nas notícias ou mesmo sobre o que está provado pelo que você acredita. Procure se interessar sobre "o que está por trás". O que está por trás do ego, o que está por trás do véu.

O foco de toda a existência é o bem-estar. O lado malévolo "acha" que trabalha para o seu bem-estar, assim como o lado benevolente trabalha para o bem-estar. A única diferença é a maturidade que se tem nas ações. Um foca de maneira estreita e o outro de maneira ampla. Por isso não há oposição direta do bem contra o mal. O bem aceita, o mal se opõe. Aceitar é acreditar na abundância. Opor é acreditar na escassez. Se você está no caminho de expansão do bem-estar, não tem motivo algum para se deixar abalar pelos que ainda possuem uma visão imautura. Experimente visualizar tudo sob o olhar do Divino. Há um lugar onde podemos saber que a expansão é infinita... Mais do que nunca, a porta está aberta. Gratidão por ser quem você é.

Com amor,
Rica Saturno. 💙

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