Imagina você chegar no shopping logo depois de ter fechado as portas, todo molhado de chuva, descalço e ainda com a roupa que estava em casa. Pois bem, estávamos minha companheira e eu, mais o casal de flatmates da casa onde moramos em Porirua, Wellington na Nova Zelândia. Paramos em uma das entradas do shopping e perguntamos a segurança que estava do lado da porta que já estava abaixada: “Podemos entrar?”

Naquele dia a gente precisava comprar algumas roupas de cama. O dono não tinha tudo disponível para nos receber naquela semana. Então, junto com o casal que acabávamos de conhecer fomos ao shopping mais próximo e no meio do caminho pegamos chuva. O interessante é que do jeito que estávamos nós fomos. Vestidos daquele jeito de ficar em casa, de chinelo, bermuda e camiseta. 

Pouco antes de chegar, a gente se perguntava como alguém iria deixar a gente entrar. Ainda mais minutos depois de fechar. O detalhe é que nossos flatmates ainda ficaram descalços por conta da chuva que molhou seus calçados. De pé no chão, e devidamente batizados pela chuva da Nova Zelândia, só esperamos o não da segurança... 

“Tudo bem, vou abrir pra vocês entrarem". Para nossa surpresa a segurança, uma mulher Maori de sorriso simpático, abriu a porta do shopping para que a gente entrasse para comprar o que queríamos. Mesmo de portas fechadas, as lojas ainda estavam abertas para os últimos clientes. Ficamos surpreendidos, felizes e só fizemos agradecer. E lá vai a gente adentrando ao shopping até a loja de departamentos; descalços, com roupas de ficar em casa e na maior tranqüilidade. 

Os que passavam por nós não reparavam em nada. E mesmo dentro da loja, onde haviam ainda algumas pessoas comprando, fomos atendidos muito bem pelos funcionários. Vivemos no Brasil com tanta preocupação sobre o que as pessoas vão pensar de nós, que achamos até estranho a simplicidade e o modo de relacionar das pessoas. Como estamos vestidos, se estamos de chinelo de dedo ou de tênis importado, se temos carro ou smartphone... na Nova Zelândia ninguém está nem aí pra isso. O que importa é fazer a coisa toda fluir. 

Aceitação, igualdade e simplicidade foi o aprendizado deste dia que aconteceu na NZ. Há um provérbio Maori que diz: “Qual é a coisa mais importante do mundo? Pessoas! Pessoas! Pessoas!”. Assim, imagino o futuro do Brasil, com as pessoas sendo reconhecidas pelo que são, sem julgamentos de aparência e condição.

Amor incondicional. Gratidão. União. 
Rica Matsu

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