Estou chegando perto de nunca mais julgar ninguém! E gostaria de compartilhar isso com o mundo todo. O julgamento é o sinal mais claro de que o consumismo ainda nos domina. Em uma dimensão linear da qual não mais participo, sou uma figura muito julgada por minha expressão verdadeira, minha sinceridade, por meu jeito de escrever e falar sobre minhas verdades e vulnerabilidades assim sem a menor cerimônia. Quando você se propõe a ser sincero e verdadeiro, as pessoas caem matando em cima de você porque você acaba as expondo também. Chamo isso de natureza da autenticidade.

Quando uma pessoa demonstra seu eu verdadeiro cria uma ressonância naqueles que também precisam se expressar quem são de verdade também. Entenda-se que quando falo de ser você mesmo quero dizer ser quem somos de acordo com nosso desejo e não condicionados pela sociedade, conforme vamos sendo moldados desde a infância por nossos pais, pela igreja, núcleos sociais etc. Esse legado do qual nos molda desde a infância, por uma lado é defendido com unhas e dentes por aqueles que entendem o despertar como uma coisa de gente doida. Por outro lado, essas mesmas pessoas sentem e sabem que precisam sair dessa prisão do condicionamento. O problema não é nem falta de coragem. É o orgulho, o ego e a personalidade que foi preparada para se adequar a sociedade caduca.

O que é sociedade caduca? É essa da qual está se desmoronando. São esses valores sobre bens materiais dos quais aprendemos que deveríamos ter para ser feliz. Já era, já foi, essa sociedade passou do prazo de validade, então caducou. Assim vejo. Todas as nossas brigas, revoltas e desejo de justiça estão baseados nos conceitos e valores de uma sociedade que já não funciona mais. Imagine que a sociedade é um aplicativo de smartphone na versão 1.9.1900 e o mundo já está funcionando com a versão 3.3.2020! Ou seja, nós estamos trabalhando no passado e por isso tantos bugs e erros de operação, paradas repentinas, reinicializações e vírus fazendo a festa.

Mas voltando ao julgamento. A gente só julga alguém por causa de alguma coisa que queremos consumir. Seja algo que nos falta, ou até mesmo algo que não podemos comprar, para os mais arraigados no mundo material. E por incrível que pareça, existem outras coisas que não são palpáveis mas são de certa forma materiais. Por exemplo, julga-se alguém por ter estudado demais, ou por não ter estudo nenhum. Por ter um namorado ou por ter namoradas demais. Por ter casado no papel ou por ter se juntado com alguém que ama. Por ter filhos. Pela sensação de não tê-los também. É ou não é uma vontade de consumir alguma coisa?

Vontades de fazer o que o outro faz, de ser o que o outro é, de se colocar como o outro se coloca na vida são também comportamentos consumistas quando a gente julga o outro. Nunca imaginei que haveriam pessoas que me julgariam por meu desapego. Talvez isso seria uma vontade de se desapegar e não conseguir. Críticas sobre ser sincero demais podem ser uma vontade danada de consumir a própria sinceridade da qual não se manifesta. Seja por medo ou por condicionamento. Afinal, sempre fica aquela pergunta: "E o que os outros vão pensar?"

Talvez a coisa mais estranha disso tudo seja o desejo de consumir o que se já tem! Sim, porque se nós somos espelhos e enxergamos no outro algo que ele tem é porque temos isso também. As pessoas focam sempre no negativo, nas características ruins. Mas aqui quero bater mais uma vez nessa tecla de que temos também as coisas boas das quais até invejamos nos outros. Não é estranho isso? Aquele charme da mulher que chama atenção de todos, a menina tímida tem também. O domínio dos alunos que o professor X tem com maestria, existe também na professora que iniciou agora na carreira. Enfim, a autenticidade, o ser quem se é de todas as pessoas que tem descoberto a si mesmo, também está dentro de cada pessoa que foi condicionada desde a infância a cumprir todos os protocolos sociais. Tipo eu. No meu caso, ainda tive o estigma de ter que ser perfeito e metódico como meus descendentes.

Nunca houve um tempo como agora pra a gente ser a gente mesmo sem ser tão massacrado pela sociedade. Tudo está descendo pelo ralo. Conceitos, preconceitos, pós-conceitos. Valores morais e familiares padrão. Qual o padrão você acha que vai sobreviver depois dessa reviravolta que estamos passando? Vou chutar! O padrão da diversidade autêntica. O padrão da autoresponsabilidade. O padrão do não julgamento. O padrão do menos consumismo. O padrão do minimalismo. O novo padrão é o iMaterial! E mais do que nunca o padrão da verdade. Se hoje estamos usando máscaras para nos proteger, amanhã todas elas deixarão de existir. E a gente vai comemorar reciclando todas essas máscaras numa enorme colcha de retalhos, que cobrirá a grande cama do planeta onde vivemos, permitindo seu descanso e o nosso descanso de tempos tão desafiadores e de grande aprendizado.

Me perdoe fazer você ler tudo isso, bastava ler o título desse texto. Solta!

Minha amorosidade,
Rica Saturno.

Photo by Marc Kleen on Unsplash

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