Quando guardamos rancor estamos ocupando um espaço precioso em nosso coração. Energias ruins do passado, expectativas não atendidas. As mágoas, as "má águas" que empoçamos, como se diz por aí. Tem gente que fala que é difícil perdoar. Penso que depende. Se acreditamos que somos vítimas será difícil. Se não, pode ser mais fácil do que parece.

Cada dia que passa, percebo que perdoar é um ato totalmente minimalista. Por isso, nada como exemplos tão simples de mestres do oriente como Mr. Gautama, para nos fazer abrir o coração, deixar de carregar pesos e fazer a vida fluir.

Mr. Gautama, a arte de não guardar rancor
(uma versão atualizada de um conto Budista sobre o perdão) 

Photo by Benjamin Balázs on Unsplash

Mr. Gautama estava sentado meditando de boa na lagoa, e de repente chegou um carinha marrento que cuspiu na cara dele. A discipulada toda ficou p da vida, revoltada, quase deu porrada.

Ananda, o mais chegado do Buda, foi logo falando:

- Velho, vou quebrar esse maluco é agora!

Gautama, limpou seu rosto, na paciência védica, e respondeu pro Ananda:

- De boa, de boa... Eu falo com ele.

Fazendo um Namastê, Buda falou ao abusado:

- Gratidão irmão. Com o que você fez, eu percebi que a raiva me abandonou de vez. Valeu, valeu! E ainda, mostrou que Ananda e o resto da galera, ainda estão na vibe de guardar rancor. Valeu mesmo. Fico te devendo uma! (hi five)

É claro, que o maluco arrogante não acreditou na conversa do Mr. Gautama, o Buda. Só que, ele se sentiu esquisito, sensível, com um aperto no coração. Nem sabia explicar o que tinha acontecido. Começou a tremer igual vara verde e suou de febre durante a noite. Nunca tinha encontrado alguém que tivesse o impactado de forma tão forte. Mr. Gautama deu uma porrada interior tão grande que o cara teve que rever todas as suas crenças e seu jeito de pensar. Deu ruim pra ele...

Logo pela manhã, o cara foi de novo até o Buda e simplesmente se ajoelhou aos seus pés. Aí Mr. Gautama disse pro Ananda:

- Olha o irmão aí... Nem falou nada, mas, na humildade, ele quer me dizer alguma coisa...

O cara encarou o Buda e mandou:

- Perdão pelo que fiz ontem contigo.

O mestre respondeu que não tinha nada que perdoar, aí explicou pra ele:

- Olha só, tu conhece o Ganges? Então, é igual ao fluxo das águas do rio, elas nunca são as mesmas. Ninguém é o mesmo de antes, cara. Eu não sou a mesma pessoa que você viu ontem.

E o cara que me cuspiu, também não está aqui agora. Só vejo um cara do bem. Hoje você não é mais aquele que esteve aqui ontem, e estamos de boa, então não tem nada que eu precise te perdoar, tá tranquilo. Aqueles dois, o cara que cuspiu e o cuspido, já vazaram... não estão mais aqui.

Bora falar de outra parada.


EU SOU a Gratidão pela Vida.
Rica Matsu

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