Estávamos de mudança para Porirua, uma cidade que fica há alguns quilômetros da capital Wellington, na Nova Zelândia. Nossa intenção era estudar em uma escola que oferecia cursos de inglês entre outras coisas. Comprados os tíquetes e na espera pelo próximo trem percebemos um atraso que só foi aumentando. Mas, como assim? Um país de primeiro mundo tem trem que atrasa?

Cinco, dez, quinze minutos passaram e nada de trem para Porirua. Então, logo foi anunciado que o atraso era devido uma árvore que havia caído nos trilhos, impedindo qualquer viagem. Então, o jeito foi sentar e esperar. Não havia previsão e já estávamos preocupados porque tínhamos horário marcado com o dono da casa compartilhada onde iríamos morar.

Ficamos na estação andando pra lá e pra cá com as malas enquanto chegava mais e mais gente. Funcionários abordavam as pessoas logo nas entradas da estação explicando a situação a cada um, antes mesmo que alguém perguntasse. Todos esperavam sem nenhum tumulto apesar de lotada a estação de Wellington. 

Eis que de repente algo que nunca imaginávamos aconteceu. Começaram a chegar vários ônibus para levar as pessoas para seus destinos. Ônibus e mais ônibus dobravam a esquina da estação, entravam no estacionamento e se preparavam para receber os passageiros. Filas espontâneas se formavam de um jeito que nunca havíamos presenciado. Sem revolta, sem pressa e sem confusão. Que sensação boa de integração e empatia!

Eram ônibus de todas as marcas e modelos, modernos e antigos, até do tipo placa preta que só sai pra dar rolê. Foi uma situação inesperada. Entramos num ônibus desses antigos, mas muito bem conservado - para não dizer quase novo. Fomos apreciando a paisagem ainda meio sem entender direito o que tinha acontecido. Na chegada em Porirua, com os tíquetes na mão fui em direção a funcionária para entregar e ela disse que não precisava, pediu desculpa pelo transtorno e desejou um have a nice day!

Contei essa simples história porque acredito que, num futuro não muito distante, o Brasil conseguirá lidar com situações sobre transporte desse jeito: com a leveza neozelandesa. Que teremos um governo que não seja contra a população e nem uma população que seja contra o governo. Se o outro é o espelho, vamos olhar para os bons exemplos para refletirmos o que há de melhor dentro de nós.

Amor incondicional. Gratidão. União.
Rica Matsu







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