O consumo de roupas, calçados, e acessórios de vestuário movimenta muitos bilhões no mundo todo. É um mercado gigantesco que segue tendências e um grande ditador da nossa aparência: a moda. O fato de não estar “na moda” gera uma espécie de preconceito. E esse preconceito induz as pessoas a consumir mais e mais em cada estação do ano. Estar na moda é parecer sempre atualizado, chique, descolado. É como se a pessoa precisasse de um reconhecimento visual para ter a aceitação necessária na sociedade. Mais ainda, manter-se na moda é essencial para estar um passo à frente dos outros. Afinal, a concorrência é acirrada. Esse conceito abstrato tem o poder de escravizar as pessoas pelo consumo. Principalmente agora, época que a “ostentação” parece estar em evidência, ou seja, na moda.

Aqui na Nova Zelândia é muito fácil perceber que ninguém está nem aí para moda. As pessoas simplesmente se vestem como querem. Não colocam tendências como prioridade na hora de comprar roupas ou se vestir para sair. O que for mais confortável é o que importa. As pessoas valorizam seu dinheiro e não gastam para ficar “atualizados” com a última coleção da estação. Isso é minimalismo puro. Tendência aqui são as famosas lojas de roupas second hand, que são muito frequentadas - os brechós no Brasil. Definitivamente, não existem escravos da moda na terra do Senhor dos Anéis.

Como não existe essa concorrência de estar mais bem vestido, as pessoas se aceitam mais. É muito comum ver nos locais públicos pessoas com figurinos de até duas décadas atrás! E todos muito bem com isso. As pessoas saem até de pijama na rua para tomar o café da manhã e nem por isso são alvo de críticas desmerecedoras. A todo momento você vê pessoas descalças andando nas ruas. Isso é comum dentro de bares, supermercados, lojas, shoppings, padarias. Em muitas profissões por aqui se trabalha de bermuda. Os correios, por exemplo. Muitas vezes parece até falta de vaidade, principalmente nas mulheres. Mas a coisa boa disso tudo é o fato de ninguém ser julgado pela sua aparência e muito menos pelo que se veste.

Os recursos gastos com a moda podem ser muito melhor utilizados se direcionados para o bem-estar e menos para concorrência de vaidades sem propósito. É muito legal quando compartilhamos os estilos e não restringimos os grupos pelo fato de se estar ou não estar na moda. Quando estive hospedado em um albergue daqui, presenciei diversos exemplos de minimalismo aplicado na moda. Desfazer-se deste conceito pode ser muito mais moderno e enriquecedor. Por exemplo, viajantes do mundo todo carregando suas poucas peças de roupa, mas com muitos carimbos em seus passaportes.

Excelente tendência!

3 Comentários

  1. Olá Rica! Interessante que as pessoas na Nova Zelândia tenham se libertado do consumismo. A moda é uma forma de expressão, através dela podemos conhecer melhor a história da humanidade. O ciclo de tendências sazonais criado pela industria da Moda afim de fisgar bilhões as custas de recursos naturais, alta geração de lixo e criação de vaidades efêmeras ao meu ver são os terríveis lados da moeda. Acredito que a Moda precisa passar por uma revolução, assim como tem ocorrido com a questão da alimentação onde a cada dia vemos mais pessoas preocupadas com oque comem, a procedência a qualidade o preparo, entre outros. O sistema da Moda deve sofrer uma alteração, não digo para que utilizemos sacos de batatas como blusas, mas um momento onde a produção têxtil possa atingir um nível sustentável,com propostas de um consumo consciente através de produtos que sejam confeccionados pra durar muito mais que uma estação.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Ana! Concordo muito com você, precisamos muito desta revolução da Moda. Penso que ela é uma tremenda ferramenta de evolução do comportamento do ser humano, apesar de ter esse lado ruim da moeda como você falou. O mais legal daqui é que andando nas ruas você consegue ver muito estilo nas pessoas, na maneira como elas se vestem. Uma diversidade incrível e sem apelo comercial caça-níquel. Claro, há ainda influência do consumo em muita gente por aqui. Mas em sua grande maioria é bem consciente essa questão, bem de bem com a vida! Gratidão demais pelo comentário muito enriquecedor, Ana! ;)

      Excluir
  2. Eu não ando na moda. Compro em second hands e vivo bem assim. Acho que quanto menos pessoas se preocuparem com o que os outros pensam, melhor.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem