Coragem pode ser apenas o ato de fazer, de executar ou sair da inércia. Simples assim. Ela só é despertada a partir da ação. Isso, despertada! Porque coragem não é uma coisa que tem que ter. Todo mundo tem. É como um bicho, uma fera que pode estar adormecida aí dentro do seu interior. Não dá para classificar a coragem como contrário de medo. Esses dois são sentimentos meio “gêmeos”, daqueles que um é mais falante e o outro mais introspectivo. Resta saber em você qual deles é o tagarela e qual é o caladão.

Muitas pessoas me disseram que eu tive muita coragem por ter largado o emprego formal para me dedicar ao que amo, sem ao menos ter “condição financeira segura”. Que sou muito corajoso por estar embarcando para fora do país para viver outras experiências sem ao menos falar outra língua. Corajoso por colocar a minha cara a tapa, por enfrentar e expor meus medos, por deixar de seguir a boiada. Corajoso por deixar de colaborar para o status quo; por seguir caminhos difíceis e contrários ao senso comum da sociedade.

Ora, que coragem é essa, se não a expressão da verdade de mim mesmo? Que espécie de coragem é esta que precisamos ter para fazer o que a gente acredita? Nossos sonhos e vontades estão a todo momento passando dentro de nossas cabeças, de nossos corações, e são tolhidos por “normas da moral e dos bons costumes”. Se estes sonhos não fossem tão importantes porque eles ficariam 24 horas martelando as nossas cabeças? E até durante uma vida toda! Os caminhos só são difíceis porque a maioria os mantêm assim. Difíceis para se expressar com naturalidade e liberdade, difíceis por enquadrar o amor em diversas caixinhas e escaninhos. Difíceis porque o dinheiro preenche os vazios, mas temporariamente.

O medo é só uma pergunta desafiadora que é feita a você: Tem certeza que vai fazer isso? Eu estou aqui pra te proteger. Caso você tenha mesmo certeza, vou chamar minha irmã pra ir contigo. Vou ficar aqui só olhando. Ô Coragem, você pode ir junto com esse rapaz? E ela está sempre disponível. Claro, às vezes dorme demais e seu irmão gêmeo precisa tomar conta de tudo. Agora, assim como numa família, a autoridade maior é você. O pai ou a mãe dos gêmeos. Afinal, quem os criou?!

Existe alguém idêntico a você nesse mundo? Então, porque você precisa ser, estar e fazer igual aos outros? Não temos obrigação nenhuma de vestir o que os outros vestem, trabalhar como os outros trabalham, comprar o que os outros compram, escolher o que os outros escolhem. Isto é competição. E se não existe alguém igualzinho a você neste universo, você está competindo com quem? Você pode ser autêntico e verdadeiro consigo mesmo. Na verdade você é. E se as coisas não tem saído como você deseja, tem alguém dormindo de preguiça. Coragem é viver com o coração. Ou seja, quem tem coração tem coragem!

Texto publicado no site http://www.recalculandoarota.com.br em 03/11/2014.

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