Se você se sente vivendo no modo Walking Dead de ser, e fica sempre esperando a próxima sexta-feira feliz este texto é pra você.

Trabalhar demais, apesar de desconfortável, é uma maneira bastante confortável de não sair de sua zona de conforto. Muitos adeptos do Workaholicismo o praticam pelo simples conforto de não bater de frente consigo mesmo. Frequentemente, não assumimos nossas dificuldades, fragilidades, vulnerabilidades. Temos medo do que possam dizer. Medo de nos enfrentar e de assumir as escolhas do coração. A saída é trabalhar para se ocupar o tempo todo, uma forma “honrosa” de evitar o que mais nos perturba.

Nos últimos dias tenho visto pessoas reclamando muito sobre o trânsito, sobre tirar férias e dilemas com seus trabalhos. Muitas contas a pagar, que tem que estudar pra passar em concurso público pra ficar tranquilo. E é claro, a reclamação mais viral: “É que eu não tenho tempo.” A partir daí vão buscar toda a sorte de coisas materiais que prometem resolver tudo de forma confortável, sem esforço e no menor tempo possível. Essas coisas tornam-se necessárias para justificar o falso desconforto por excesso de trabalho.

Além do mais, hobbies são um grande trunfo para justificar ainda mais tanto trabalho. Como vou conseguir manter meu blog sem ralar na empresa pra fazer mais comissão como vendedor. Se eu largar meu trabalho não conseguirei mais viajar pra tirar fotografias dos lugares que pretendo conhecer nas férias. Pra pagar minhas aulas de bateria preciso trabalhar aos finais de semana. Meu hobby de escrever é o que faz meus olhos brilharem quando não estou no trabalho, usando óculos de descanso, de tanto serviço enfadonho.

Podemos buscar hobbies para desestressar do trabalho, ou, podemos fazer de nosso hobby um trabalho sem estresses. Não existe nenhuma forma milagrosa sobre isso. Mas, o esforço pode ser igual ou menor do que você tem despendido para se tornar o funcionário do mês, ou para pagar aquele pacote Premium da tv, que te faz candidato a Miss ou Mister Sedentarismo, com o traseiro colado no sofá. A grande diferença é que toda a energia é para nutrir sua própria felicidade. Não a do seu chefe ou do dono da empresa que pode estar numa bela praia tomando água de côco, enquanto você reclama por aquele vale alimentação adicional por um dia extra de trabalho.

O caso do escritor citado acima é meu. Pouco antes de sair do emprego, tive que fazer uns óculos de descanso para minhas vistas, diagnosticadas como as de um homem de quarenta anos! Esses mesmo óculos estão agora aposentados, pois nunca enxerguei tão bem como agora: fazendo e vivendo o que amo. Uso meu hobby 24 horas por dia, não para desestressar de alguma coisa. Uso meu hobby para não ser usado por um trabalho.

Texto publicado no site http://www.recalculandoarota.com.br em 23/09/2014. 23/09/2017.

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