Exatamente hoje faz 365 dias que entreguei minha carta de demissão. Trabalhava em um órgão público, ganhava relativamente bem, de acordo com o mercado. Eu estava entre os 6% da população brasileira de maior rendimento mensal. Tinha uma vista privilegiada da capital, certa estabilidade no emprego e algumas condições também privilegiadas, que somente tem na rotina quem faz parte do funcionalismo público. No fundo, no fundo eu procurava mais. Quer dizer, menos!

Menos estresse no transito para trabalhar, menos desperdiço de tempo com coisas que não acreditava, embora pago por isso. Menos rotina, menos vontade de que chegasse o final de semana só para relaxar e aliviar o cansaço. Eu queria ser menos mais um no sistema. Me sentia insatisfeito não pelo local ou pelas pessoas, muito pelo contrário. No meu departamento tinham pessoas completamente talentosas e cheias de energia, de potenciais maravilhosos! A insatisfação era em estar passando a maior parte da minha vida fazendo um trabalho até prazeroso, mas completamente fora do significado que acredito para a vida.

Criava material de publicidade para eventos do governo que em nada tinha haver comigo, ou seja, minha criatividade não estava voltada para quem eu sou de verdade. As pessoas se referem as suas atividades laborais como "meu trabalho". Este é o meu trabalho, lá no meu trabalho, no meu trampo... Então, eu  te pergunto: o trabalho que você faz é seu mesmo? Tem tudo haver com você? A sua criatividade coloca no mundo coisas, produtos ou frutos que correspondem aos valores em que você acredita para sua vida e para o mundo?

No meu caso, não. Por todas as empresas e órgãos que passei "meu trabalho" era manter funcionando o trabalho de outros, a criação de terceiros; o status quo. Enquanto minhas criações e trabalhos eram colocados no mundo sob a forma de hobby, passatempo ou qualquer coisa que costumam rotular. Se o seu trabalho hoje não é um trabalho seu, talvez seja a hora de parar de criar para os outros e colocar suas criações para trabalhar para você! O mundo está sedento por coisas novas, criações pessoais e novas possibilidades. Hoje, depois de um ano, apesar de ainda ter pouco retorno financeiro pelo meu trabalho, o valor da minha vida tem alcançado cifras inestimáveis!

Você pode não acreditar no início, não será fácil, só que vale muito a pena. Desculpe esta piada infame, mas "não vale apenas uma pena, vale uma galinha inteira!"

Gostaria de saber se você está assim, satisfeito com seu trabalho ou insatisfeito? Gostaria de estar fazendo outra coisa nas suas 8 horas diárias? Alguma coisa só sua? Deixa um comentário aqui, vamos conversar! ;)

"Escolha um trabalho que você ame e não terá de trabalhar um único dia de sua vida." Confúcio

10 Comentários

  1. Sim, é exatamente assim que estou hoje: insatisfeita.
    E também em um emprego publico.
    Tomei, há um mês, uma decisão que me fez mudar de cidade e, por conta dela, abri mão de parte de meu salario (tinha função remunerada, além do cargo) e agora sigo numa fase de adaptação com um salario que é metade do que passei 4 anos acostumada a receber. Se tem sido difícil? Ao contrario. Tem sido até mais fácil do que eu imaginava. Isso porque, um ano antes de essa mudança acontecer já havia começado a me direcionar para uma vida mais econômica (o que nunca foi uma questão pra mim, já que nunca fui o tipo consumista inveterado). Então, em relação ao dinheiro, estou me adaptando mas estou tranquila.
    A questão, agora, é deixar meu emprego e partir para uma nova fase. Sou fotografa – ainda amadora, embora já faça alguns poucos trabalhos – e, embora tenha sido muito difícil, finalmente cheguei à conclusão de que não quero mais trabalhar onde trabalho e a fotografia pode ser minha alternativa, já que é algo que me dá prazer, que sei fazer, e faço bem.

    Há um mês, me dei o prazo de um ano e meio para me firmar como fotografa e, então, pretendo escrever a tal carta de demissão.
    Confesso que às vezes me encho de medo. Ainda me auto saboto com pensamentos negativos que questionam o meu potencial, coisas do tipo ‘quem você pensa que é pra achar que pode fotografar e ganhar dinheiro com isso? Deixe de ser ridícula!’. Mas tenho lutado contra. Tenho medo, também, de daqui a um ano e meio olhar pra trás e ver que não deu certo e que ainda estou presa ao meu emprego atual, mas acredito que, nessa historia toda, o importante é o movimento, seja qual for o resultado.

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    1. Uma das coisas que nos dominam muito é a "lei do consumo". E se essa parte está sendo tranquila pra você é meio caminho andado, é um sinal maravilhoso que está no caminho certo haha! Seguir o coração não tem erro e é o que você está fazendo.

      Eu também ainda escuto muitas vozes internas de agentes sabotadores rs... estou aprendendo bastante em dizer não para elas e estão indo embora. Você já deve ter lido o texto da Marianne Williamson, sobre o nosso medo mais profundo. Ele é a mais profunda verdade. E o importante mesmo é como você falou: o movimento, a ação. Principalmente no aqui agora. Existem milhares de fotógrafos, mas cada um com a sua visão única que pode transformar tudo.

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  2. Difícil comentar. Haha escrevi um texto enorme e depois ao logar, puf, sumiu. Só tinha dito que não cheguei a me sentir aprisionada dessa maneira. Sempre tive o espírito mais aventureiro e rebelde, de sair de um lugar que não estava me fazendo feliz, antes que ele me engolisse. Trabalho com cinema e educação, onde me realizo muito. E ter uma reserva financeira me ajuda bastante a tomar decisões como essa, de deixar uma experiência ruim de lado, para me permitir ter tempo do 'universo' apresentar novos caminhos pra mim! Hehe infinitas possibilidades!! O legal da internet é encontrar mais pessoas que pensam como você! Eu me sinto mais normal! :)

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    1. Haha tb já aconteceu comigo, e depois pra lembrar tudo que escreveu?...rs
      É bem isso que falta, uma certa rebeldia para sair de prisões como condicionamentos ao longo da vida. Hoje todo mundo quer a estabilidade do serviço público ou em uma carreira segura, abrindo mão do que faz realmente gostam, e depois sentem a falta de algo que nem sabem o que. E quando vê a vida já ultrapassou metade da escala.
      Muito massa mesmo encontrar essa sintonia de pensamentos porque eles estão fora da caixa! :D

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  3. Olá, sou mais uma na lista do funcionalismo público frustrante, burocrático, engessado, demodé e que é pura ilusão. Sou mais uma - entre tantos - que deseja ter mais tempo para si, que não quer pegar trânsito, poluição, que quer sentar e fazer as refeições devagar e calmamente. Sou mais uma buscando simplificar o que se tornou - incontrolavelmente - tão complexo.
    Já ensaiei me demitir várias vezes e sempre me peguei presa no velho sistema capitalista e consumista, aquele que nos impõe o medo de viver e decidir. Aquele que diz que se você não tiver um emprego - ainda que morra de depressão nele - é o mesmo que não ter dignidade. Enfim. Agora, com muita satisfação, dou os primeiros passos rumo à mim mesma e bem longe do que me faz mal.

    Abraços,
    Camila

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    1. Poxa Camila, hoje eu fico pensando no tempo em que buscava intensamente passar em concurso pra me sentir "seguro" e ainda contar vantagem sobre isso. Se a grana que eu gastei em cursinhos tivesse sido investida em mim mesmo no meu autoconhecimento, a vida teria sido muito melhor aproveitada. Mas, o sofrimento tem sua razão de ser né. Acordei a tempo e hoje não recomendo pra ninguém essa história de "estabilidade garantida", etc.

      Muito feliz por saber que você está entrando num caminho de felicidade consigo mesma que não tem volta! Tenha certeza é libertador! Muita positividade na sua transformação! Estamos por aqui! Abração! :D

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  4. Hoje lhe escrevo de Hong Kong, faz quase três meses que eu e meu marido largamos tudo, ele era funcionário público também, mas por um infortúnio da vida descobriu que tinha distrofia e foi reformado, passamos por um período muito difícil com um apartamento que atrasou dois anos, tivemos um mega prejuízo...bem levando tudo em consideração, eu pedi uma licença em meu trabalho em uma faculdade e eles entenderam e me deram e resumo da ópera: ficaremos um ano vendo se é isso que queremos da vida. Apesar da dificuldade que admito que se passa todos os dias (saudade, comida, língua), posso dizer que não me arrependo e que estou sim muito feliz.

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    1. Poxa Tatiane fico muito feliz! É muito bom saber que pessoas como nós estão dando para nossa vida um novo significado. Tenho certeza que vão fazer várias descobertas importantes que vão mudar radicalmente para melhor a vida de vocês. Porque estão agindo com o coração e quando é assim não tem erro! haha Muitas felicidades pra vocês e gratidão por compartilhar sua história! Estamos juntos! Abraços!

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  5. Sim, é exatamente assim que me sinto hoje! A propósito, hoje tive um mal estar logo que acordei para ir ao trabalho... e por este motivo, não fui. Estou me sentindo culpada por ter faltado, porém tirei a tarde para PENSAR EM MIM. Atualmente, estou participando do Programa Recalculando a Rota, da Alana, e foi no site dela que me deparei com seu texto sobre Fechar o Ano com a Tal Chave de Ouro, e de lá, caí aqui, nesse site fantástico e totalmente fora da caixa... tudo que eu procuro! Me identifiquei de cara, pelo nome e pelo conceito de Destralhar... afinal, eu sempre fui uma acumuladora, e ainda sou consumista ao extremo... o que me prende à aos trabalhos sabotadores que tem me deixado tão infeliz! Mas como é difícil mudar tudo isso, principalmente quando você sabe que não está na rota que quer, mas não sabe nem por onde começar... Mas decidi mergulhar de cabeça no programa (que eu acabei deixando de lado) e vou me alimentar de inspirações, como o seu projeto! Sinto que a minha mudança é urgente, só preciso ir fundo e não desistir... que o propósito surja de tanto eu buscar e quando eu menos esperar... :) Abraços!!! E obrigada pela inspiração!

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  6. Obrigado eu! Fico muito feliz em acender alguma luz aí pra você! O mais importante é que você já está muito consciente de que você vai mudar para um propósito seu. Ainda mais com essa ferramenta ultratransformadora do Programa da Alana! Mergulha de cabeça na busca, vai dar certo demais! Gratidão por curtir o Destralha e fica sempre a vontade para comentar! Abração! ;)

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