Impostos, manutenção, segurança, reformas, especulações imobiliárias são preocupações constantes na cabeça de quem escolhe adquirir um imóvel. Se perguntar a qualquer brasileiro qual seu maior sonho, a maioria vai dizer que é ter a casa própria. Pare e pense comigo. Porque esse é o grande sonho da maioria?

No senso comum é assim: se você tem casa própria, "tem boas condições". Boas condições quer dizer boas condições financeiras, ou seja, muito dinheiro. E ter muito dinheiro é ser rico. Pode se dizer que o maior sonho é ser rico? Parece que tudo se resume a ter. Poucos irão responder que seu maior sonho é ser feliz porque o TER está na frente do SER.

Desde que me entendi como um ser pensante, ficava incomodado com relação a essa eterna busca de possuir coisas. Tem que lutar, trabalhar bastante para conseguir ser alguém na vida. O "alguém na vida" significava ser alguma profissão e ter sua própria casa, carro, bens etc. Isso era o que faziam as pessoas felizes e ainda é o modelo de vida mais comum.

Parece que existe uma série de requisitos para nos tornarmos "alguém" apto a ser aceito na sociedade. E aí vamos classificando de acordo com a quantidade de suas posses. Quanto mais imóveis uma pessoa tem, mais sobe no ranking da prosperidade. O fato é que nem a compra de uma mansão atrás de outra pode fazer uma pessoa ser feliz. Basta olhar a quantidade de pessoas que "tem boas condições", mas permanecem infelizes ou se sentem muito sós.

Tantas posses acabam sobrecarregando a vida que ao contrário do que se acredita, não proporciona mais tempo para conhecer a si mesmo. Ganha-se muito tempo sim; tempo para se dedicar a administração e solução de problemas gerados por essas posses e toda a sorte de situações trazidas por elas. Será que existe a real necessidade de ter uma casa própria? Ou duas, ou mais? Em quantas casas conseguimos viver ao mesmo tempo?

Há pouco tempo vendi o apartamento que compramos no momento "Minha casa, minha vida". Não foi por dívidas nem para levar vantagem em alguma coisa. Foi a mudança para a perspectiva minimalista. No próximo post vou contar essa história.

Mas e aí. Vai ficar ao relento ou viver de favor, como nômade, cigano? Vai investir no quê? E a segurança? Imagine que você tem uma casa maior para se preocupar. Ela já é sua desde o nascimento. E você tem milhões de irmãos que ainda não conhece, e outros milhões de pessoas maravilhosas que você pode se relacionar.

Você pode até brincar um pouco de Banco Imobiliário, mas a verdadeira felicidade está na troca de experiências com os moradores dessa grande casa e a cada cômodo novo que você pode conhecer.


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