Diz o velho ditado: “Quem canta seus males espanta.” Mais ou menos... às vezes precisamos ficar calados para fazer os males irem embora (literalmente). No final do mês passado, uma dor de garganta me pegou de jeito interrompendo todos os ensaios. Gripado e com baixa imunidade fiquei com as pregas vocais inflamadas e ainda não sarei.  Aí nada de cantar até que elas voltem ao normal. Moral da história: quem não faz a manutenção correta de seu “instrumento” pode ficar na mão, e sem choro.

Na música, quem toca precisa estar com seu instrumento em boas condições de uso.  Regulado e afinado. O violão, por exemplo, com as cordas sempre novas de preferência. Quando percebemos que elas não produzem um som brilhante já é hora de trocar. É melhor para não ser pego de surpresa. E no caso dos cantores? Trocam-se também as cordas? Quem sabe um dia, no futuro, na era dos Cyborgs.

Carregamos nosso instrumento 24 horas por dia e muitas vezes não cuidamos dele como deveria. Neste artigo vou falar um pouco da minha voz, sobre cuidados e abusos. Dicas que servem também para os que não cantam. Ao contrário do que falam por aí, todo mundo tem voz, e voz para cantar. Caso não tenha facilidade ou desafine, é só questão de trabalhar se quiser cantarolar algumas melodias além dos limites do banheiro. Este instrumento musical orgânico está dentro de cada um de nós.

Meu contato com a música se deu aos onze anos de idade. Nessa época ouvia de tudo um pouco. Comecei a gostar daquela onda de gravar fitas K7 dos discos de vinil. Passava horas na loja de discos ouvindo e gravando. Me identificava muito com o bom e velho rock ‘n roll. E assim foi surgindo a vontade de montar uma banda. Cantando quase sempre afinado, me dediquei a aprender violão para compor e escrever algumas músicas. O rock tem muita pressa! Geralmente, esses vocalistas não costumavam a pegar aulas de canto. É tudo muito “visceral”.

Às vezes meu aquecimento era alguma bebida de preferência alcoólica. Sim, acreditava naquele mito de “uma bebidinha para esquentar a garganta”. Muitos falam que é bom para perder a timidez, e é verdade. O porém é que além da timidez perde-se também a voz. Alías, o álcool em excesso faz perder um monte de coisas, todo mundo sabe. O que é estritamente necessário é que se for cantar procure um profissional da voz que possa explorar junto contigo as suas potencialidades. Esse cara é o fonoaudiólogo. E claro, junto com o professor de canto. É sucesso na certa! Não façam como Leonardo, Zezé de Camargo, entre outros, que precisaram passar por cirurgias nas pregas vocais por uso extremo da voz. Não se enganem. Até para o rock pesado existe técnica adequada. Sabe aquelas vozes das cavernas, sombrias? É Thrash Metal. O Max Cavalera do Sepultura, por exemplo. Sim, tem uma técnica para fazer aquilo sem precisar sangrar a garganta.

Qualquer que seja o estilode música, todos exigem esses cuidados. Porque como disse acima, é a manutenção periódica do seu instrumento. E nem adianta falar que você não canta e não precisa de cuidados com a voz. A natureza te deu este belíssimo instrumento quando nasceu! Hoje, vivendo este episódio, vejo que não tratei meu instrumento como deveria e por isso dedico este espaço para me policiar e informar sobre o assunto. Professores, oradores e palestrantes estão neste mesmo nível de cuidado dos cantores. Ou até mais, dependendo do caso. A questão é que, a partir de agora o cuidado com minha voz é outro. Principalmente depois que passou a ser meu instrumento de trabalho, único e insubstituível.

No início do meu quadro de dor de garganta, fui ao médico na emergência e foi daquele jeito. Olhou, passou uns remedinhos e recomendou repouso. A médica disse que gripes bacterianas passam em uma semana e pronto. No meu caso, como era viral, ela apenas aumentou mais uma semana de sintomas e só. Tá. Ok. Passados quinze dias e nada de sarar. Falar um pouco já perdia a voz. Fora os sintomas normais de uma gripe. Então vamos lá procurar um especialista. O otorrinolaringologista! Tive a sorte de encontrar uma profissional muito boa. Fiz uma videolaringoscopia e tava lá: pregas vocais inflamadas. Agora sim! Tratamento adequado para um diagnóstico correto. Espero ficar bom o quanto antes, para tirar todo este atraso musical.

Ficam as dicas:

A voz é seu instrumento musical nato. Assim como os demais instrumentos precisam de manutenção e cuidados;
Se ficar doente cuide com o especialista adequado, o otorrino, e não perca tempo nem saúde;
Quer cantar? Então, já comece com o auxílio da dupla dinâmica: professor de canto & fonoaudiólogo;
Fique longe do álcool, pelo menos quando for cantar. Ele aje como anestésico fazendo você esforçar mais do que o necessário e causar até fendas nas cordas vocais;
Ao explorar a sua voz, você conhece um pouco mais de si mesmo.

Cuidar da voz é ter cuidado consigo. É ela que faz você interagir com os outros. Ela traz tudo que diz seu coração e seus pensamentos para o mundo exterior. E através da música consegue atingir os diversos mundos interiores.


Saudações gratiturnas!

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